domingo, 12 de março de 2017

O Animatógrafo Macau e os "loucos anos 20"

Na edição de Macaenses de 13 de Outubro de 1920 podia ler-se “Desgraçada terra esta onde raras são as boas iniciativas que não baqueiam” a propósito do encerramento do Novo Teatro de Macau.
Dois anos depois abria ao público o Animatógrafo Macau, pelas mãos dum empresário da terra, Filipe Hung.
De acordo com um anúncio da época - imagem ao lado - era “o mais confortável salão cinematografico“.
Ficava na Rua do Hospital (corresponde à actual Rua Pedro Nolasco da Silva).
Os bilhetes da 1.ª classe custavam 20 avos (1.ª sessão) e 30 avos (2.ª sessão).  A 2.ª classe custava 10 avos (1.ª sessão e 2.ª sessão ). Para os “Praças sem graduação e crianças“ custavam 20 avos "só para a 2.ª sessão".
Desde o surgimento e massificação do cinema a população local tornou-se uma das mais entusiastas do mundo e existiram inúmeras salas ao longo do século XX.
Segundo Henrique de Senna Fernandes (HSF) “O mais remoto cinematógrafo de que temos notícia foi o «Chip Seng», situado na Rua da Caldeira (…). Outro cinematógrafo, também situado no dédalo do Bazar, era o «Tin Lin», no Largo do Hong Kong Mio que, em 4 de Fevereiro de 1909, como reporta «A Verdade» da mesma data, exibia, além de filmes, trabalhos de prestidigitação (…). 
O Teatro D. Pedro V também chegou a funcionar como sala de cinema na década de 1910, e havia ainda o Cinematógrafo Vitória (inaugurado em Janeiro de 1910 imagem abaixo) de que HSF se recorda assim: "Foi nele que se desbobinaram os melhores filmes mudos, não havendo outro cinematógrafo que se lhe equiparasse."
Na década de 1920 o cinema não era totalmente uma novidade mas era mais mudo que sonoro e, para além de Charles Chaplin, destacava-se o actor, realizador e produtor norte-americano, Douglas Fairbanks: “O êxito de Fairbanks era tão grande entre a rapaziada de Macau que, nos dias que se seguiam à estreia das suas películas, desapareciam dos jardins, hortas e quintais, pela cidade e fora de portas, todas as estacas de bambu, convertidas em espadas para a petizada se esgrimir em grupos rivais, com grande perigo para os olhos e desespero de jardineiros e horticultores que então abundavam nesta Terra do Nome de Deus”, palavras de HSF num livro sobre a história do cinema em Macau.



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